Quem costuma fazer os check-ups de rotina sabe a importância dos exames laboratoriais. Graças a eles, os especialistas podem notar se o organismo apresenta alguma alteração, mesmo que assintomática, e iniciar o tratamento o mais breve possível. Além disso, eles são indispensáveis para estimar o risco anestésico-cirúrgico em avaliações pré-operatórias.
Quais são os exames laboratoriais mais pedidos?
A medicina diagnóstica, da qual fazem parte os exames laboratoriais, participa de 70% das decisões clínicas relacionadas ao diagnóstico e tratamento de problemas de saúde. A seguir, conheça os principais tipos de exames realizados a partir de amostras de sangue, urina e fezes.
Exames de sangue
O hemograma serve para analisar as principais células do sangue. São elas:
- hemácias (glóbulos vermelhos), cujos valores servem para o diagnóstico da anemia;
- leucócitos, cujos valores são usados no diagnóstico infecções, como a pneumonia, e diversas alergias;
- plaquetas, cujos valores servem para determinar problemas de coagulação, ou seja, se o paciente é propenso à sangramentos (em cirurgias, por exemplo) ou à formação de trombos.
O colesterol mede os diferentes tipos de gorduras no sangue. Ele é composto pelas somas das frações de:
- HDL, o chamado colesterol bom, que previne a aterosclerose;
- LDL, o chamado colesterol ruim, ligado à obstrução dos vasos sanguíneos;
- VLDL, outro tipo de colesterol ruim, também ligado a doenças cardíacas;
- triglicerídeos, um marcador relacionado ao VLDL.
Outras análises muito solicitadas são da ureia e da creatinina. Seus valores (chamados de taxa de filtração glomerular ou clearance de creatinina) servem para estimar a quantidade de sangue filtrada pelos rins por minuto. Assim, são importantes para ajudar a determinar se o paciente tem insuficiência renal.
A glicemia de jejum ou dosagem de glicose (taxa de açúcar no sangue), por sua vez, é usada no diagnóstico ou controle do diabetes. Para isso, o médico considera que:
- valores entre 100 e 125 mg/dl são considerados como estado de pré-diabetes;
- valores acima de 126 mg/dl são considerados como diagnóstico de diabetes.
As transaminases, ou TGO (AST) e TGP (ALP), são exames que indicam lesões nas células do fígado. Seus resultados servem para diagnosticar a hepatite, mas também são levados em conta na investigação de hipotireoidismo, pancreatite, doença celíaca e outros problemas.
Os eletrólitos (dosagens de sódio, potássio, cálcio e fósforo séricos) devem estar normais. Porém, episódios frequentes de vômitos e diarreia, o uso de certos medicamentos e a ocorrência de intoxicações podem alterá-los. Por exemplo:
- hipernatremia, indica níveis elevados de sódio no sangue e, hiponatremia, níveis reduzidos;
- hipercalemia, níveis altos de potássio e, hipocalemia, baixos;
- hipercalcemia, níveis altos de cálcio e, hipocalcemia, baixos;
- hiperfosfatemia, níveis altos de fósforo e, hipofosfatemia, baixos.
O TSH e o T4 livre servem para analisar o funcionamento da tireoide. Seus resultados podem indicar hipertireoidismo e hipotireoidismo.
O ácido úrico mostra como o organismo metaboliza algumas proteínas. Níveis elevados indicam maior risco de doenças cardiovasculares, cálculo renal, entre outras.
O PCR (proteína C reativa) elevado pode indicar uma inflamação em curso. Além disso, pode estar associado a tumores.
O PSA é outro tipo de proteína. Se elevado, pode indicar hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata decorrente do envelhecimento), infecção na glândula ou câncer de próstata. Este exame é comumente solicitado por urologistas na investigação do câncer de próstata.
A albumina é uma proteína que serve como marcador de nutrição. É utilizada para avaliar o funcionamento do fígado.
O VHS é mais um indicador de inflamação. Se elevado, costuma ser associado à existência de doenças autoimunes.
Exames de urina
O exame de urina mais básico é a urina tipo I. Avaliando características como cor, densidade e pH, bem como a dosagem de proteínas, glicose, hemácias, leucócitos e bactérias, é possível detectar infecções urinárias e patologias renais.
A urocultura também serve para diagnosticar infecções urinárias. Mas a análise vai além, identificando o tipo de bactéria causadora da infecção.
Exame de fezes
O exame de fezes serve para detectar doenças no aparelho digestivo ou na região retal. Para isso, verifica-se se há indícios de sangue, gordura, bactérias, protozoários ou parasitas (vermes) na amostra fecal. Além disso, por meio da análise dos níveis de acidez nas fezes, pode-se diagnosticar intolerâncias e alergias alimentares.
Como são as orientações preparatórias?
As orientações preparatórias diferem conforme o tipo de exame. Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboral (SBPC/ML), a coleta de sangue, para realização da maioria dos exames laboratoriais, exige jejum, pois os valores de referência foram estabelecidos com base em indivíduos nessa condição. Sendo assim: para fazer boa parte dos testes, é preciso ficar 8 horas sem comer e só tomando água.
Como armazenar a amostra de urina e fezes?
Os cuidados no armazenamento são essenciais. Deve-se usar um pote plástico, devidamente etiquetado, com o nome do paciente e a data da coleta. Verifique no respectivo laboratório se o material precisa ser entregue imediatamente ou por quanto tempo pode ser guardado na geladeira.
Para concluir, lembre-se que exames laboratoriais são passíveis de erro. Por isso, após consultar um bom especialista — que os solicite sob uma hipótese diagnóstica a ser investigada, não aleatoriamente — procure um bom laboratório. Essa é a maneira mais segura de receber resultados precisos e que sejam relevantes para o momento.